Uma Jornada de Arrependimento e Redenção.
Sinto-me arrependido, mas percebo que não basta a dor da lamentação. É imperativo tentar corrigir o que foi feito de errado, honrar o passado com ações no presente.
Não, eu não posso. Eu quero, mas não posso. Não há como voltar no tempo, a não ser dentro das lembranças – elas, sim, detêm vida e poder, ecoando em ambos os lados da existência. As atitudes manifestam-se apenas uma única vez; podemos repeti-las centenas de vezes, mas jamais serão iguais. Serão parecidas, sombras do original, mas nunca idênticas.
Tenho sido perseguido por todas as lembranças ruins, pois as boas memórias ainda não me pertencem. Sinto que não sou digno delas.
Vago solitário à procura de um amigo, de alguém que se alegre com a minha presença, mas só encontro ressentimentos e ecos do passado. Sou atormentado dia e noite pelos gritos, choros e vozes daqueles a quem persegui, que sofreram o peso de minhas atitudes impensadas, de minha arrogância. Foram feridos, maltratados e tiveram suas vidas destruÃdas pela indiferença do meu ser, que negou o direito de cada um deles de viver segundo suas próprias escolhas.
O mal que fiz à minha própria vida foi, ironicamente, ainda pior do que o mal que fiz à vida dos outros. Vejo e sinto o retorno implacável de toda a minha maldade na solidão profunda em que me encontro.
A Permanência do EspÃrito e a Efemeridade do Poder
O Tempo é eterno, e minha consciência é permanente. Que pena que não usei o coração quando meu corpo era de carne, e minhas decisões podiam não somente destruir e maltratar, mas também espalhar a felicidade na vida de tantos.
Usei de todo o poder que tinha: dinheiro, prestÃgio, autoridade. Eu era uma pessoa influente nos meios polÃticos, tinha amigos a quem devia favores – e eu os cobrava de maneira errada, utilizando esses débitos para prejudicar aqueles que eram contrários à s minhas ideias ou à s minhas vontades.
Fui arrogante ao me sentir poderoso, e agora sinto que não sou nada. Antes eu julgava, e agora sou julgado; antes eu perseguia, e agora sou perseguido por todos aqueles que foram minhas vÃtimas.
Tanto tinha com o meu corpo de carne, e nada tenho com o meu corpo de espÃrito, a não ser as lembranças vÃvidas e dolorosas do que fui. Sou perseguido pela revolta de todos, mas o que mais me tortura é a minha consciência. Pois agora, consigo enxergar e entender:
O corpo é apenas um instrumento;
O espÃrito se manifesta através da alma, que em sua ignorância ou imaturidade, faz escolhas que causam sofrimento.
Por sua vez, essa alma leva o espÃrito a ser perseguido em seu próprio mundo, em razão de todos os erros cometidos. Contudo, essa alma terá um novo tempo para reparação em um novo corpo, uma nova história.
Somos eternos passageiros do Tempo, que nos permite evoluir em todos os sentidos. Mas somente pela evolução moral seremos agraciados com a promessa de Jesus: "Na casa de meu Pai há muitas moradas." (João 14:2).
Os espÃritos passam por todas estas moradas, não como castigo, mas como oportunidades. É uma procura incessante pela verdade e pelo fortalecimento espiritual.
Espero sinceramente sair fortalecido deste tempo de descobertas e de dor. Que meu espÃrito se fortaleça no cuidado e na reeducação de minha alma, pois novos tempos virão, cheios de trabalho e redenção.

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