Cristo acrescenta: «Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis

 

  Cristo acrescenta: «Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis.

Descubra o verdadeiro significado do Consolador Prometido por Jesus e como o Espírito de Verdade cumpre a profecia do Cristo, restabelecendo suas palavras e consolando a humanidade através do Espiritismo.

O Consolador Prometido: A Missão do Espírito de Verdade.

A promessa de Jesus

“Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis.
Disse Jesus: muitas outras teria a dizer, que não compreenderíeis; por isso é que vos falo por parábolas.
Mais tarde, porém, enviar-vos-ei o Consolador, o Espírito de Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-las explicará todas.”
(S. João, caps. XIV, XVI; S. Mateus, cap. XVII.)

Essas palavras do Cristo representam uma das mais profundas revelações contidas nos Evangelhos. Jesus reconhece que seu ensino, embora perfeito em essência, não poderia ser plenamente compreendido pela humanidade do seu tempo. Por isso, deixou veladas muitas verdades, reservando-as para um tempo futuro, quando o homem estivesse preparado para entendê-las sem deturpar o seu sentido espiritual.

O Mestre sabia que o progresso humano é gradual. Assim como a criança precisa de instruções simples antes de compreender as lições mais elevadas, também a humanidade precisava amadurecer espiritualmente para receber a revelação completa da Verdade.

O ensino de Jesus e suas limitações temporais

Durante sua missão na Terra, Jesus transmitiu o essencial para a salvação das almas — o amor a Deus e ao próximo — mas deixou muitos mistérios apenas insinuados. Suas parábolas eram como sementes lançadas em terreno ainda árido, que germinariam apenas no tempo certo.

Ao afirmar que enviaria o Consolador, Jesus anunciava que o seu ensino não se encerrava na sua própria palavra. Ele mesmo previu que os homens desviariam o verdadeiro sentido de seus ensinamentos, criando dogmas e sistemas de crenças que se afastariam do espírito de amor, perdão e caridade que pregava.

Por isso disse: “Todas as coisas hão de ser restabelecidas.”
Ora, só se restabelece aquilo que foi desfeito — e o Cristo, em sua presciência divina, sabia que muito do que ele ensinou seria esquecido, corrompido ou transformado pela ignorância humana.

O significado do Consolador Prometido.

O nome que revela a missão.

Por que Jesus chama o novo mensageiro de “Consolador”?
Esse nome é simbólico e pleno de sentido. Revela uma promessa de conforto espiritual à humanidade sofredora. O Cristo sabia que os séculos seguintes seriam marcados por guerras, perseguições religiosas, materialismo e desilusões morais. As consolações humanas — o poder, o ouro, a ciência sem fé — não seriam suficientes para curar as feridas da alma.

O Consolador, portanto, seria a voz da Verdade que esclarece e conforta, o retorno da palavra divina sob uma nova forma, capaz de unir razão e fé, ciência e espiritualidade, justiça e amor.

A missão do Espírito de Verdade

Jesus não anunciou um novo Messias em carne, mas a manifestação do Espírito de Verdade, a inspiração celestial que viria falar aos corações e mentes dos homens.
Esse Espírito não viria como indivíduo isolado, mas através da revelação espiritual universal, estendendo-se sobre toda a Terra, comunicando-se por meio dos médiuns, dos sábios, dos humildes e dos corações sinceros.

Sua missão seria tripla:

1. Recordar os ensinamentos de Jesus, libertando-os das interpretações humanas.

2. Explicar o sentido oculto das parábolas, revelando a lógica espiritual que une o visível ao invisível.

3. Consolar a humanidade, mostrando que a morte não é o fim, que a dor tem uma razão, e que a justiça divina age sempre com amor e sabedoria.

O Espiritismo como cumprimento da promessa.

Allan Kardec, ao codificar o Espiritismo, identificou na doutrina dos Espíritos a realização dessa promessa de Cristo. O Espírito de Verdade manifesta-se através das comunicações espirituais, trazendo esclarecimentos sobre as leis morais, a vida futura, a reencarnação e o destino das almas.

O Espiritismo vem restabelecer todas as coisas, não criando uma nova religião, mas restituindo ao cristianismo sua pureza primitiva.
Ele explica o que antes era mistério, demonstra o que antes era dogma e faz compreender racionalmente o que antes era apenas objeto de fé.

É, portanto, o Consolador anunciado, porque consola os aflitos, mostrando-lhes que o sofrimento é passageiro e tem finalidade educativa. Consola os que choram a perda de entes queridos, ensinando que ninguém morre, apenas muda de plano. Consola os desiludidos, revelando que a justiça divina não falha, e que cada um colhe o fruto de suas próprias ações.

O sentido profético das palavras do Cristo

Talvez nunca o Cristo tenha sido tão claro e tão profético como nessas palavras: “Enviar-vos-ei o Consolador.”
Poucos, no entanto, lhes deram a atenção devida. Durante séculos, o homem preferiu interpretar a mensagem do Evangelho segundo os interesses materiais ou teológicos de sua época, afastando-se da simplicidade luminosa que o Mestre pregava.

Mas o tempo do Espírito chegou.
Vivemos a era em que a fé se apoia na razão, em que os véus do mistério se levantam, e o homem começa a compreender que Deus não é um ser distante, mas a própria Inteligência Suprema, presente em tudo e em todos.

O Consolador, que é o Espírito de Verdade, não veio para criar dissensões, mas para unir, despertando no homem o sentido profundo da caridade e da fraternidade universal. Ele é o anúncio da nova era, em que a humanidade, guiada pela razão iluminada pela fé, compreenderá plenamente o ensinamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

Conclusão: O tempo do Espírito de Verdade

O Cristo lançou as bases da fé; o Espírito de Verdade vem completar a obra pela luz do entendimento.
O primeiro falou por parábolas; o segundo fala claramente, porque a humanidade amadureceu.
O primeiro semeou o amor; o segundo faz florescer a razão e o consolo.

O Consolador prometido é, pois, a presença viva do Cristo renovada nos corações humanos. Ele não veio para destruir, mas para recordar, restaurar e consolar. E cada vez que compreendemos com mais profundidade as palavras do Mestre, o Espírito de Verdade se manifesta em nós, conduzindo-nos à verdadeira libertação espiritual.

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